Interessa pois perceber que nos três partidos do arco da governação a distribuição dos 20% dos votos escrutinados representa uma diferença de 4% entre a coligação de governo e o maior partido da oposição PS .
Assim o sr Seguro fez a festa , deitou demasiados foguetes e recebeu demasiados aplausos , foi longe no seu discurso e esteve longe da realidade , já a coligação optou por comparar resultados entre eles ,para assim disfarçar os números da derrota .
Não é pois de estranhar que já se perfile as substituições dentro do partido PS , e que os PSD e CDS façam uma festa com a desorientação que reina pró lado do Rato .
Se há algo a registar nestas eleições é uma clara demostração de descontentamento e uma crescente desconfiança nos actuais políticos , que representam as possibilidades de governação à esquerda e à direita . Também nos votos em branco e nulos 8% há uma grande representação do descrédito no poder político . Na CDU a subida é natural e advém de um discurso constante que acolhe junto da população conservadora o firmado voto de repúdio e descontentamento das actuais políticas .
No caso MPT do sr Marinho , a questão é bem o discurso fácil e convincente no momento , feito de populismo e que vai ao encontro de classes que tem sofrido na pele a força dos cortes e perdas de rendimentos , que são reformados , comerciantes , trabalhadores independentes e liberais , e classe média-baixa em geral .
No caso do BE têm uma consequência diversa começando logo pelas fracturas que o partido sofreu e representam a dispersão do seu eleitorado por três forças partidárias , a sua , a do MAS e do LIVRE , e ainda uma liderança a dois que não favorece uma unidade e não confere uma dinâmica única que cria a ideia de divisão na opinião pública .
Quanto ao MAS está quase no perímetro da subsistência dos eternos partidos políticos de valor residual sem um programa verdadeiramente capaz de oferecer uma alternativa política .
O LIVRE por sua vez sendo a primeira campanha eleitoral em que se apresenta ao eleitorado têm um resultado satisfatório e oferece uma alternativa dentro dos novos partidos sendo que é na realidade o mais novo , talvez por isso não tenha sabido abrir-se a população e convocar mais a participação dos seus membros na hora de passar a sua mensagem .
Revela -se assim um novo panorama político e como consequência uma grande incerteza quanto ao futuro político na constituição de um governo nesta manta de retalhos tão dispares e opostos a conseguir convergir em consensos .
Agora começa a verdadeira política que deve renascer das cinzas , da ruína em que estes últimos 8 anos dizimou o tecido económico e social do país .
É preciso que se apresentem propostas concretas e sérias de rigor que sejam a alternativa credível a submeter a sufrágio nas próximas legislativas .
Considero que se devem começar a organizar um conjunto de políticas que possam conduzir o país no progresso e na construção e consolidação do emprego e do rendimento salarial das famílias e de todos os trabalhadores .
A necessidade de uma política que seja o garante da equidade e solidariedade entre gerações , de forma a desenvolver a dignidade do ser humano e das populações mais desfavorecidas , que seja uma profunda reestruturação dos valores da sociedade , que possa repor em condições de igualdade os cidadãos , e promova a qualidade de vida na infância , na juventude , na idade adulta de construir família e por fim na velhice .
Uma política que devolva a excelência no profissionalismo público , com remuneração adequada e progressão de carreiras , que recompense o mérito a permanência assídua , bem como a exclusividade em sectores como os da justiça , da saúde , da educação ,e das autoridades civis e militares , e também nas forças armadas , sem esquecer os altos cargos públicos do sector estado .
Uma política que promova a profissionalização e especialização dos seus sectores académicos , e técnicos industriais , e dinamize os sectores estratégicos da economia como o turismo , o mar , as energias alternativas , que reabilite a sua indústria de construção civil , e metalúrgica , que incentive e acentue a qualidade e excelência das exportações de tecidos empresariais como das novas tecnologias , dos têxteis , calçado , mobiliário , entre outros que pela exceção são um valor acrescentado na nossa presença na economia global.
Uma política que recupere os sectores das pescas , e construção naval , e por fim uma política agrícola forte na implementação da agricultura como forma de sustentação e autosuficiência alimentar de bens primários como os ceriais .
Requerem os tempos presentes que todas as políticas promovam e intensifiquem o combate a desertificação , e a baixa natalidade , que se construa um sociedade que encontre na qualificação e criação de emprego uma política de apoio à família e a fixação das famílias nos seus meios rurais onde encontrem os bens e serviços essenciais a uma vida de comunidade com todas as as condições de usufruir dos mesmos direitos em resultado da sua interioridade em desfavor das concentrações no litoral e das grandes cidades .
Não posso deixar de referir a cultura e as artes esse parente pobre dos orçamentos , mas que representa um valor acrescentado na economia do país , embora sendo auto-construtivo e auto-criativo merece uma cuidada política , sendo certo que uma sociedade em progresso e com melhores condições sócio-económicas tem pois mais tempo para crescer intelectualmente e culturalmente .
No contexto global e em particular da Europa e de Portugal a governação das políticas deve surgir por forma a sustentar a autonomia e independência económica e social do país e das populações , e recuperar as famílias e as melhorias de vida .
Há uma questão que se sobrepõe a todas as politicas essenciais , e que se prende com uma possível e necessária renegociação da dívida , é preciso pensar a dívida o seu peso no futuro do país e a capacidade de recuperar a economia do país e o poder de compra do povo .
A exigência agora é da competência , da responsabilidade , do profissionalismo , de homens e mulheres capazes , com uma visão de futuro , e a forte determinação e convicção que há um caminho alternativo , uma estratégia e uma vontade de empreender uma política ao serviço de todos e pelo bem de todos , que mobilize a sociedade e a reúna em torno de um bem comum e de um futuro melhor com oportunidades iguais , que promova o cidadão e o integre na vida activa e cívica da sua comunidade e do seu país .
Este acredito eu deve ser o sentido das políticas do século XXl na defesa dos valores da democracia , da liberdade , da igualdade , e da solidariedade nacional e europeia .
Texto de autor
Lisboa 27 / 05 / 2014